sexta-feira, 27 de março de 2009

A CHEGADA DE JOÃO CARNEIRO NO CÉU

Nota: Seu João era um cidadão lagoanovense que não gostava de perguntas com respostas previsíveis, digamos: "perguntas idiotas"

No dia 20 de setembro
Do ano de 2005
João Damasceno de Medeiros
Com todo respeito eu brinco
Chegava nesse dia ao céu
Junto ao anjo Gabriel
Numa barca feita de zinco

João Carneiro
Assim era mais conhecido
Às vezes era ignorante
E ficava aborrecido
De pergunta besta num gostava
E se o cabra perguntava
Ficava logo arrependido

Pois assim se assucedeu
Com São Pêdo nesse dia
Quando João chegou lá
Num caderno ele mexia
Olhou assim pra João Carneiro
E disse muito ligeiro
Num acreditar no que via

---Seu João! O sinhor por aqui?
Ele disse:--- não é o Pelé
Pêdo ainda insistiu
---Cuma vai a muler?
---A mulher vai com as perna
Deixe logo de baderna
Diga logo o que quer

São Pêdo disconfiado
Com os tranca de seu João
Voltou a olhar pra o livro
Assubiano uma canção
Passou lá uns três minuto
E seu João muito astuto
Só prestano atenção

O santo levantou a cara
E lhe disse desse jeito
---Agora vou falar sério
E o sinhor fale direito
Deixano a prosa de lado
Vou dizer suas qualidade
E também os seus defeito

E começou o blá blá blá
O que João era o que João foi
Se eu tiver mintino
Pode aqui me dar um môe
Mas tanto Pêdo cuma João
Tava numa concentração
Que num piscava nem o oi

---O sinhô foi vereador
Na cidade de Lagoa
E apesar dos seus probema
Teve uma vida inté boa

E por isso eu lhe digo
Se ficar aqui comigo
O sinhô num fica a toa

---O sinhô também às vez
Era um pouco ignorante
Mas na terra ainda tem
Um monte de representante
Também isso num é defeito
O sinhô foi home direito
E também muito importante

---Aqui no livro do céu
Todo dia eu anoto
O que os home faz na terra
Eu com meu lápis pego e boto
Aqui tem seus dados gerais
Seus documentos pessoais
Tem até mermo uma foto

---Você nasceu no dia seis
Do bendito mês de mai
Ano 1917
Dano alegria a seus pai
E pra ganhar o seu dinheiro
Fez solda de João Carneiro
E vendia num balai

---Você foi comerciante
Um dos maiores da cidade
Vendia biscoito, bolacha, pão
Solda de boa qualidade
Foi casado com Bibi
Viveu todo tempo ali
Tinha 88 anos de idade

---No rodapé do livro
Foi que agora eu percebi
Uma informação importante
Que eu quase esqueci
O sinhô em 88 ano
Apesar de trabaiano
Ainda teve 14 fie

João Carneiro assim com a mão
Pediu licença pra falar
Disse assim: - Se é pra mentir
Seu São Pêdo pode parar
Eu num tive nenhum fie
E pelo que eu vi
O sinhô quer é me enrolar

São Pedro disse: - Teve
Seu João disse: - Eu não tive
- Seu João teve
- São Pedro, tive não
E ficou naquele impae
Naquele vai e num vai
Só naquela inrolaçao


São Pedro disse: - Seu João
O sinhô é cheio de nove hora
Vou dizer todos os nomes
Se eu mentir me bote pra fora
E se eu ganhar a aposta
O sinhô dá as costas
E daqui se vai imbora

Foi Janúncio, João e Josa
Só num sei bem a idade
Teve Nilton, Nilba e Nilma
Josito, Naira, Neide e Naide
Cunheço desde a primeira
Inté a derradeira
E também Neuma e Noraide

­­­­­­­­---São Pedro me desculpe
Vou ocupar o seu lugar
Isso aí é tudo mentira
E eu tem Cuma provar
Você tá falano besteira
Já perdeu sua cadeira
Agora eu vou me sentar

Eu nunca perdi aposta
Também inda num tô lelé
Esses nome que você disse
A verdade disso é
Pra acabar o zun zun zun
Eu nunca tive ninhum
Quem teve foi a muié

São Pedro se espoletou
Chamou João de ignorante
Jogou o livro no chão
Derrubou lá uma istante
Ficou Cuma os cabra do Iraque
Brabo virado num traque
E pariceno um gigante

E eu não sube mais de nada
De lá das bandas do paraíso
E as coisas que eu digo
Digo pruquê pesquiso
Doido eu não sou
Mas São Pêdo ficou
Sem um pingo de juízo

Só sei que no céu vai ter
Semana que vem uma ileição
Todos os anjo vão votar
Tem que dá sua opinião
E vi dizer que São Pêdo
Anda pelos canto cum medo
De perder para Seu João.

terça-feira, 17 de março de 2009

DIANTE DAS VITÓRIAS E DAS DERROTAS

Tudo vai ficar bem, você vai encontrar outra pessoa”. Era o que dizia Rubens para o seu amigo Edgar na mesa do bar ao embalo de cerveja e churrasco. Mas Edgar, extenuado só não chorava graças à relevante embriaguês causada pelas tantas cervejas que bebera a tarde toda. Sua noiva o traíra e havia embora com outro. Rubens continuava com os conselhos, as palavras de força para encorajar o amigo de tantas horas. De repente, mais um amigo chega à mesa e senta ao lado dos dois depois de cumprimentá-los.
“E ai como vão vocês?”, notando desânimo dos dois amigos Diógenes logo se intera ao assunto e consolida-se a eles. Força vai, apoio vem e Diógenes conta a novidade dele, são dois extremos, enquanto Edgar estar abatido, Diógenes conta que acabou de receber o resultado da promoção no trabalho e que vai entrar no curso de Direito, pois agora teria dinheiro para pagar a tão sonhada faculdade. Depois de parabenizado pelos dois amigos por suas vitórias, por seu sucesso profissional eles comemoram juntos num brinde ao amigo promissor, Edgar por um momento esquecia a aleivosia da noiva que amou durante longos cinco anos.
Rubens levantou foi ao banheiro. Estava morrendo de inveja do amigo promovido. Por que é tão fácil ser amigo e aceitar as angústias dos amigos? Por que era tão fácil dar força a Edgar e era tão difícil se vangloriar, se alegrar pela vitória de Diógenes? No fundo, no fundo somos acometidos de uma inveja natural, sentimos um desejo violento de possuir o bem alheio. Na verdade, é bom vermos que alguém anda pior que a gente, é bom para o ego do ser humano, sentir-se superior como há pouco Rubens sentia-se em relação a Edgar.
Pensou, suspirou forte e voltou para a mesa onde Diógenes e Edgar sorriam juntos, Edgar sim, sentiu-se feliz pelo amigo, esquecia por um momento seu problema, sua derrota. Amparava-se um pouco na gloria de Diógenes. Rubens não. Morria de inveja. Preferia o momento de antes onde se sentia superior ao amigo choroso e abatido.