quinta-feira, 3 de setembro de 2015

PROMOÇÃO DA COCA COLA



Certo dia numa praia
Um casal de namorados
Resolveram entrar na baia
Provar ser apaixonados
O noive mêi sem vergonha
Propôs para Antonha
Uma coisa esquisita
Pra que debaixo daquela lua
Antonha ficasse nua
Naquela noite bonita

Antonha se exitou
Ficou toda envergonhada
A proposta recusou
Pois era uma moça honrada
Mas Zé Migué insistente
Dizendo não ter gente
Naquela praia deserta
Antonha de dentro do carro não saía
Podia amanhecer o dia
Pois num era a coisa certa

Mas as horas foi passando
Ali dentro do artomove
E Zé migué com suas manha
Inté peda ele move
Foi imbebedano Antonha
Que foi ficando sem vergonha
E a proposta então topou
Desceu de dentro do carro
Depois de tirar um sarro
Foi pra areia fazer amor

E Zé Migué todo jeitoso
Com a presa em suas mão
Trouxe uma tuaia do carro
E adispois istirou no chão
Pois quando o amor incedeia
Mela o côipo de areia
Se não tiver proteção
Mas quando o vento dava
A tuaia levantava
Atrapaiano a armação

Zé Migué como sempre
Teve outra ideia interessante
Foi dentro do carro e pegou
Latinhas de refrigerante
Coca cola bem cheinha
Pois ficano pesadinha
A tuaia não vuava
E com o problema resolvido
Zé Migué todo inxirido
O processo começava

Mas Antonha muito isperta
Um problema logo notou
­— essa coisa num tá certa
Zé Migué então parou
E Antonha sem confiança
— “Só faço amor com segurança
Vá pegar a camisinha
Pois se eu engravidar
Tu vai logo se mandar
E eu me lascar sozinha”

Mas por arte não sei de quê
Um bebum ali passava
E com a noite mneio escura
A mulher mal enxergava
E vendo aquela arrumação
Antonha nua já na posição
O bebo executou o serviço
Ela disse: — “Meu José”
O bebo disse: — Diabo é?
O meu nome mermo é Ciço

Antonha desesperou-se
Saiu doida em disparada
—“Ai meu Deus, Ave Maria
Agora eu tô desgraçada!”
Mas Ciço chêi de cachaça
E abutuano as caça
Olhou a cama feita no chão
— “Coca-cola ainda é foda
Cadê que Pepsi nem Soda
Faz desse tipo de promoção!?

Autor: Francione Clementino
Capa: Edilson Aureliano

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

EXAME DE PRÓSTATA É MOLEZA! O PERIGO É SE AVICIAR


Dizem que aqui se paga
O que aqui agente faz
E eu comecei acreditar
No ditado dos meus pais
No dia do acontecido
Que ocorreu comigo
Pra tirar a minha paz

Nos meus tempos de rapaz
Fazia muita coisa errada
Bulir com filha alheia
Para mim era mamada
E quando Deus me castigou
Digo a você meu sinhô
Que foi tudo d’uma lapada

Eu já passano do quarenta
Uns cinco ano mais ou meno
Comecei a me queixar
D’umas dor me aburreceno
Bem no pezim da viria
E meu amigo quem diria
Eu já tava quase morreno

Fui no medico já nas última
A pedido da muié
Nessas hora agente tem
Que fazer o que elas quer
Eu disse assim: ── eu vou
Cunversar lá com o doutor
Pra ele dizer o que é

E o danado falou lá
D’uma doença que havia
Que inflamava a prosta
E a muitos homem atingia
E sem dó nem coração
Fez por lá a marcação
Do exame pro outro dia

Êita eu fiquei disinganado
Me deu logo uma tristesa
Pois sei que esse exame
É uma baita malvadesa
Mas era o modo perfeito
E não tinha outro jeito
Nenhum modo de esperteza

No outro dia bem cedim
Com a dor no pé do imbigo
Sai cunversano sozinho
Pensano assim cumigo
Prus peste num me ver
Eu tinha que me esconder
Dos danado dos amigo

Se eles ficasse sabeno
A canaia tava armada
Fui andano muito legeiro
Só por cima da calçada
E chegano no hospital
Já quase passano mal
Fui logo dano entrada

Já tinha esquecido a dor
A vergonha era maior
Entrei na sala do médico
Por nome doutor Feijó
Que de muito educado
E também bem perfumado
Minha garganta deu um nó

Ele puxou uns assunto
Que era pra eu relaxar
Falou de time, futebol
Só pra me abestaiar
Mas me bateu o coração
Quando ele disse: ── Seu João
Podemos começar?

Tire a roupa não se apresse
Pode ficar ai em paz
Não se preocupe com isso
Porque todo macho faz
Digo a você meu patrão
Que do sarto do coração
Eu quase caí pra traz

Pensei assim comigo
Que ia me desgraçar
Mas tudo tem uma vez
E tentei me acalmar
Pensei naquela hora
É agora
Que vão me descabaçar

O medico se preparava
E eu fiquei ali pensano
Que aquilo era os pecado
Que eu tava ali pagano
O doutor com a voz macia
E ali eu percebia
Que ele tava se aproximando

Disse: ── Num vai doer nada
Num precisa se apavorar
Que eu passo um olhim
No dedo pra amaciar
Nesse momento eu sartei
Com muita raiva mandei
O doutor ir se lascar

── Que é isso seu João!?
Ele foi me perguntou
Só vou passar uma pasta
Que a ciência inventou
Que é o pro camarada
Num levar tabocada
E assim num sintir dor

Eu disse: ── doutor
Vá judiar com o capeta
Vá ingrachar o chassi
Dum caminhão de carreta
Porque no meu fio-fó
Eu quero o exame sem dó
Feito com arame de roseta

Areia, caco de vrido
Tudo isso pode butar
Mas cum delicadesa
Não sinhor, nem pensar
O sinhor passano banha
Eu vou ficar chêi de manha
E toda semana querer voltar

sexta-feira, 30 de maio de 2014

CHAMEGO COM VIÚVA

CHAMEGO COM VIÚVA



Me lembro bem quando cheguei
Aqui no Rio Grande do Norte
Repare bem minha moleza
Se meter logo com morte
Chamegar com mulher de defunto
Que quase eu me ajunto
Mas eu ia me lascando
E Num foi falta de consêi
O meu grande aperrei
Que eu tava ali entrando

Chegando na tal cidade
Pequena que só um bozó
Conheci uma viúva
Do finado Zé Loló
Uma viúva arrumada
Ô bichona calculada
Igual mesmo um violão
Me acendeu uma pilha
Vou formar minha família
Nesse pedacinho de chão

Uma galegona alta
Que tinha as pernas de mourão
Os olhos da peste azul
Os peito era dois mamão
A bunda era de sobra
O andado de uma cobra
Quando anda em areia quente
E aquele mesmo olhar
Era de arrebentar
O coração de muita gente

Tinha seus quarenta anos
Mas parecia ter dezenove
Como aquelas mocinha
No tempo que se desenvolve
Tava bem enxutinha
Parecendo menininha
Que ainda nem cresceu
E num é que a safada
Numa atitude danada
Veio se engraçar logo d’eu

Zé João disse cuidado
Que esse povo é troço quente
Num se abestai não
Com esse tipo de gente
Pois é muito perigoso
Tem que ser muito corajoso
Mostrar a valentia que tem
Que o finado Zé Loló
Em termo de catimbó
Nunca perdeu pra ninguém

O finado Zé Loló
Catimbozeiro afamado
Falava com tudo quanto é bicho
E assim era ajudado
E disse que mesmo falecido
Quando ele era ofendido
Ainda assim aparecia
Acompanhado de dois cão
Pra tirar satisfação
Das coisas que acontecia

E eu doido pela galega
Num levei isso a sério
Disse que lugar de morto
Era enterrado no cemitério
E sem acreditar na conversa
Armei logo uma peça
Que caía como uma luva
E sem contar historia
Fui naquela mesma hora
Conversar com a viúva

E num é que as paquera
Era até bem sucedida
O tempo se passava
Ela cada vez mais atrevida
E maiquemo pra se encontrar                                                              
Na casa dela e namorar
Do jeito que nós quisesse
Ficar a noite inteirinha
Fazendo uma farrinha
A noite inteira que Deus desse

Mas Galego de Chico Duda
Me disse: isso num tem futuro
Num é por maldade minha
Se quiser eu inté juro
Mas é que o marido dela
Se vir você com ela
É capaz de dá-lhe uma pisa
É que mesmo no inferno
Sem domínio do eterno
O danado casa e batiza

Zé Loló era um caboclo
Preto igual mesmo um tição
Tinha a cabeça branca
Que nem capuche de algodão
E bastava bater palma
Pra aparecer duzentas alma
O homem tinha muito poder
E por ser o seu camarada
Pra lhe tirar da cilada
To avisando isso a você

Repare que ela é bonita
Mas nunca arranja ninguém
Os cabra num chega nem perto
Por causa do medo que tem
E eu nos meus aperrei
Num tomei aqueles consei
Que ele tava a me dar
De noite todo arrumado
Fui pra o lugar marcado
Com a viúva me encontrar

Chegando em sua casa
Bati palma e entrei
Ela ainda tava no banho
E eu na cama me deitei
E ficamos conversando
Só de longe namorando
Eu de cá ela de lá
Ela dentro do banheiro
Eu sentido só o cheiro
Do seu corpo a perfumar

E de tanto conversar
Eu fiquei meio distraído
E escutei assim pertim
Um negocio que nem gemido
Senti um cheiro de lama
Que parecia ser da cama
E fui olhando assim de lado
Eita eu quase me caguei
Pois na cama avistei
Um negão véi estirado

Arrepiei o cabelo da nuca
A garganta entalou
E o caboclo bateu pra riba
Pelas costela me agarrou
Os olhos dele era vermei
Do medo que tive me soltei
Danei o rabo no chão
Quando eu quis fugir
Doido pra sai dali
O caboclo bateu as mão

E me lembrei dos consêi
Que o galego tinha me dado
Me arrependi de tudo
Quanto tinha aprontado
Com as palmas de Zé Loló
O troço ficou pior
Que só buzina de corneta
Agora só deu pra eu
Naquela hora apareceu
Mais ou manos dez capeta

Valei-me Frei Damião
Foi a palavra que saiu
Com o poder desse santo
Bem uns três inda caiu
Mas Zé Loló num sintiu nada
E deu-me uma burduada
Sai de cata cavaco
Procurano me segurar
Um cantim pra me escorar
Mas caí que nem um saco

Quando me levantei
Três cão bateu em riba de mim
Zé Loló chegou pra perto
Disse desse jeito assim:
Você por acaso tá louco
Mexer com muié de caboco
Preto véi do sertão
Que atrevimento seu
Pegar o que é meu
Sem a minha permissão

Dei em n’eu de incher o bucho
E cada tapa oi que eu levava
O meu uvido zunia
E minha perna intransava
Depois do siviço terminado
O cabôco inda zangado
Fez por lá uma oração
Me benzeu de riba a baixo
E no mei dos meus pinhaço
Deu a ultima tapa com a mão

Pegou a viúva dele
Butou dentro duma mala
——Essa aqui eu vou levar
pra butar ela na escala
e você vai sofrer
a vida inteira até morrer
disse olhano para mim
Depois o cabôco sumiu
Deu um pipoco e explodiu
Mas ainda num era o fim

Se arrependimento matasse
Hoje eu tava de osso branco
Hoje não posso negar
Eu tenho que ser muito franco
Que o cabôco Zé Loló
Em termo de catimbó
Era muito articuloso
E me arrependo dos consei
Que eu de besta num tomei
Que ele era poderoso

Nunca mais eu quis saber
De mexer com o que tá quieto
E se quisesse num podia
Vocês pode ficar certo
Que daquele dia pra cá
Depois de Zé Loló rezar
A oração que ele não erra
Só um desgosto me consome
É que eu nunca mais fui home
Pra muié ninhuma na terra

quinta-feira, 29 de maio de 2014

A FILA NO CÉU



A FILA NO CÉU


Desde piqueno eu uvia
Que quando agente murria
Tinha dois lugá pra ir
Um era pras mão do Sinhô
E ôtro pras do Santanáis
Um bicho fêi que só o cão
Que virava assombração
Se se virasse de traiz

Mais mermo assim num dei uvido
Bibia, fumava, namorava
Gostava d’umas briga
Dançava e raparigava
De manhã, de noite, de dia
Onde tivesse festa eu ia
E de tudo eu aprontava

Um dia vi uns home passano
Numa tarde de inverno
Uma bríbia... uma gravata
Tudo trajado de terno
Fiquei pensano cumigo
S’eu num ficar arrempendido
Eu vô parar no inferno

Crente eu num vô ser
Pruque num dá certo isso
Minha mãe num vai gostar
E pra num ter ribuliço
Risurvi ingressar
Na igreja e rezar
Ser devoto de Padim Ciço

Me tornei um católico da gota
Vivia na casa do Sinhô
Socado lá dia e noite
Rezano cum munto amor
Majuntava mais Toin
Crebe, João e Leuzin
Cantano e tocano lovô

Andava todo arrumado
E o povo todo sadimirava
--- Que minino mais bonito!
Eu fazia que nem iscutava
Era o cantor das missa
Junto cum João de dona Ciça
Ele tocano e eu cantava

Vivia só pra sirvir a Deus
Nem fumava e nem bibia
Se me oferecesse cachaça
Eu munto ligêro saía
Rezava pra Sã juão
Par me livrar da tentação
Dava as costa e me benzia

E pra namoro eu virei mole
Fiquei frôxo pra briga
Quando as nega me pegava
Era um sarro da bixiga
Eu cum vontade de correr
Pegava logo a dizer
--- Desse jeito assim Deus castiga

O tempo se passava
E eu cada veiz mais dedicado
Era missa, teço, novena
E o povo tudo adimirado
Tava um santo perfeito
Num tinha nenhum defeito
Pra mode eu ser castigado

Porém um dia de noite
Nas minha oração
Cunversano cum pai celeste
Pidi a ele uma expricação
Disse assim pru pai fiel
--- Me amoste cumo é o céu
     Se eu mereço essa benção

Na hora mermo eu num vi nada
Mais despois que fui durmir
Tive um sonho besta fera
Que eu nunca me isquici
Negoço pra assombrá
Quaiquer ser mortá
Que quizesse ir pra’li

No sonhe eu tinha murrido
Tava numa fila isperano
Mais o meno dez quilômeto
E o povo tudo suano
Ô fila grande da peste
Só pudia ser um teste
Que Deus tava preparano

Passei três dia na fila
E já morto de cansado
Fui chegano assim pra perto
E já munto animado
Um caba cum jeito de bicha
Disse: --- Tá qui sua ficha
    Espere ali sentado

---Ainda pra isperá?!
    Já passei três dia aqui impé
Fiquei logo neivoso
Isquici a minha fé
Preguntei mêi sem juízo
S’ali era um paraíso
Ou se era um caberé

Avistei um véi baibudo
Iscorado num porrete
Um vistidão véi branco
Pensei logo num macete
Oiêi assim pra ele
E fiquei cum medo dele
Querer me quebrar no cacete

Me acaimêi um pôco mais
E antes que fosse tárde
Me aprochegei pra ele
Cunversano pela metade
Disse assim: --- Pedim
   Tá s’alembrano de mim?
   Lula que ajudava o pade

O véi oiô pra mim
E nada me arrespondeu
Fiquei tremeno todim
E ele só oiano pra eu
Tentei puxar ôtro assunto
Mas o home mermo um difunto
Parado, nem se mexeu

Disse ôtra veiz: --- Bom dia
   O sinhô mora pur aqui?
   Tá um dia bunito
   Já deu até pra sintir!
Ele disse cum a voz alta
--- Se num quiser levar chibata
    Fique sentadim ali

 Você deve tá pensano
Que viveu cumeno osta
Vai chegar e bagunçar
Fazer o que bem gosta
Aqui tudim têm paiz
Os direito são iguais
E você num vale bosta

Me sentei oiêi a ficha
Me deu logo um disingano
Deiz mil quinhentos e doze
Pra eu ficar isperano
Me arrependi da santidade
Dos dias de caridade
Que eu vivia praticano

Cum pedaço uví uns grito
Um ai-ai-ai, uns gemido
Preguntei a São Pêdo
Que diabo tinha aconticido
Ele se virô pra mim
Disse desse jeito assim
do que tinha ocurrido

--- Esse hóme que tá gritano
ali dento disisperado
é pruque foi bom dimais
na terra quando incarnado
e nas costa tão furano
dois buraco e butano
umas asa no danado

despois vão furar também
um buraco na cabeça
pra butar uma alréla
pra que ele obedeça
se foi bom lá na terra
se faz o certo e não e não erra
meu desejo é que cresça

ele vai virá anjo
sirvir a Deus eternamente
mais tem que passar pur isso
se quer viver livremente
cum asa ele vai avuar
pru todo canto vai andar
se ele for obidiente

Eu disse assim: --- São pêdo
O negoço tá xafudado
Se pra o caba ser anjo
Agente tem que ser furado
É mió ir pru inferno
Dexar o pai fraterno
E ficar logo disgraçado

São pêdo me disse us berro
--- Vááá, lá você se ferra todim
lá o Diabo num tem pena
que nem Deus teve de mim
ele lhe lasca noite e dia
tudo que você fazia
ele disconta tudim

--- São Pêdo meu camarada
Eu falei desse jeito
--- Ninguém precisa ser santo
pruquê todos tem defeito
se o diabo me lascar
todo dia me rear
mas os buraco já tão feito

Já ia chegano a minha veiz
Quando eu me acordei
Agradici, oiêi pras têa
Finalmente me aliviei
Pensei munto na vida
E minha igreja quirida
No ôtro dia abandonei

Falei pra Jesus Cristo
Que se me quiser ai pru céu
Num precisa me furar
Quando eu for pru beleleu
Me aceite bebeno e fumano
Assim mermo namorano
E iscreveno meus cordel